
O Senac em Minas criou o “Glossário de Libras para Administração”, desenvolvido com o intuito de promover a inclusão, por meio da retirada de barreiras à comunicação entre surdos e ouvintes, especialmente em espaços educacionais. O Glossário, que já reúne mais de 200 palavras e é colaborativo, foi elaborado, inicialmente, para ajudar no entendimento e na interpretação do conteúdo dos cursos de Gestão do Senac, suprindo uma necessidade de alunos surdos e intérpretes de Libras.
O material possui transcrição de português para Libras de expressões usadas corriqueiramente nas disciplinas, mas que, muitas vezes, ainda não tinham correspondência na língua de sinais, como branding, coaching, deadline, e-commerce, entre outros. O conteúdo representa um avanço importante para o mercado e para a expansão do uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), sistema linguístico utilizado na interação com grande parte das pessoas surdas no Brasil.
Vários sinais não existiam e foram criados pelo docente do Senac em Betim Daniel Miranda, que também é surdo. Ele conta que, para executar o projeto, foi necessário conhecimento prévio em Administração e dos sinais já dominados pela comunidade surda. “Agora é o momento de inclusão para todos. Muitos surdos têm dificuldade em obter informações sobre empreendedorismo e abrir um negócio, pois não estavam preparados”, ressalta.
Dessa forma, o material será de grande relevância para o aprendizado e para a autonomia dos estudantes. “Iniciamos o Glossário de Libras com foco nas áreas administrativas, por conter termos mais gerais, que são utilizados em muitos contextos, pessoais e profissionais, porém nem sempre são de fácil compreensão, até mesmo para os ouvintes. E a comunicação em sala de aula é um dos pontos fundamentais para um processo de aprendizagem de qualidade, que precisa envolver trocas e protagonismo de todos os alunos”, explica a analista de Educação do Senac, Laura Boaventura.
Uma das metas é que o “Glossário de Libras em Administração” receba mais contribuições dos usuários – e, com o tempo, seja ampliado para outras áreas do conhecimento.
De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em 2020, cerca de 5% da população brasileira é surda, o que corresponde a mais de 10 milhões de pessoas. Desse total, aproximadamente 2,7 milhões possuem surdez profunda. Nesse contexto, uma parcela das pessoas com deficiência auditiva se comunica apenas por meio da Libras, o que indica que o ensino da língua de sinais pode garantir uma educação mais inclusiva.